Compartilhe com os seus amigos!
Compartilhe com os seus amigos!
Francis Madson
São extensas as linguagens e as técnicas do corpo. Qual arte não é do corpo? É uma pergunta genérica com uma resposta pluralizada. Entretanto, permito abrir uma janela para falar de um corpo como suporte da arte dramática, performática e pós-dramatica. Parece-nos impalpável transgredir os conceitos dessa tríade, mas é valido ser colocado em suspensão. Talvez, o conceito de corpo, a ideia metafórica de concretude do corpo e do hibridismo do corpo sejam remodelados, ressignificados e transmutáveis quando consideramos especificadamente cada linguagem.
O corpo contemporâneo e todos os seus infinitos discursos são organizados na ideia de comunicar QUE o corpo já não é ou nunca foi a estrutura determinada por nós, seja de forma histórica, sociológica, antropológica, filosófica e psicológica. Então, se o corpo deixou de ser essa carne presente, o que acontece com as linguagens que são produzidas indiscutivelmete a patir do corpo? O Teatro é uma arte própria do corpo. Há artistas que propoem através da RV – realidade virtual – e do hiperpalco “performances”, “encenações” onde a presentificação do corpo possui apenas uma importância minizada dentro desse processo inteiro de criação. É um conjunto ressignificante da própria linguagem. As dinâmicas contemporaneas propoem dialogismos e, assim, ampliam-se; as vezes, paulatinamente, eclodem novos territórios. É dentro desse espaço que o corpo atualmente se localiza.
O corpo contemporâneo, nessa crise de sujeito e de identidade, ACABA sendo contaminado pelos recursos de controle do capitalismo, ou seja, pelos sistemas que manipulam padrões corporais e que reproduzem essa imagem com poder e rapidez. O corpo alojado, extragulado perece; sem identidade, se vê na necessidade latente de se recolocar enquanto estrutura e, naturalmente, assimila as correntes imagéticas produzidas pelos meios para compor um corpo. Parece uma anedota sobre a famosa criatura engendrada pelo Dr. Frankenstein, personagem homônimo do clássico da literatura universal, escrito pela britânica Mary Shelley.
O corpo na arte dramática tem uma dimensão e especificidades para dar conta dos conceitos próprios e das ramificações escolhidas pelos envolvidos numa criação artísitca. Na performance, o corpo, também, tem outra dimensão e, é claro, idem nas artes pós dramáticas. Assim, o que ocorre como proposta de discussão é se podemos entender que cada linguagem necessita de um corpo com determinada medida para a execução do que está envolvido em um trabalho de arte, seja ele qual for.
Por isso, ao assistir determinado espetáculo, processo, encenação é necessário escutar, abrir um campo de produção de conhecimento além do vivenciado pela encenação para entender as medidas utilizadas para compor a ideia de corpo para sustentar a linguagem envolvida, até mesmo, se o “produto” parecer a figura exótica e exdruxula da criatura de Mary Shelley.
Francis Madson é ator, performer, artista de dança, dramaturgo e diretor.
2 Comments
Acho cada vez mais necessária a importância de se pensar o papel do corpo enquanto corpo, principalmente no Teatro, levando em conta a necessidade do corpo também corresponder ao que se constrói na encenação, para não ser o corpo, um peso apenas ou um corpo fora….
Um passagem sua é BEM importante no comentário, Denni! “pensar o papel do corpo enquanto corpo” nós – o pensamento – e tudo que julgamos – constroi um discurso do corpo em relação ou suporte da arte. Por exemplo, falamos do corpo no teatro, na dança, na performance, nas artes plasticas, na representação profana ou sagrada dos body ready mades de Orlan e Sterlac – vê outro post-, mas não pensamos o corpo enquanto corpo. É, talvez, o principal papel do artísta contemporaneo, ou seja, pensar o corpo e o corpo como suporte dessas linguagem, porque só assim nos poderemos entender as modificações do corpo e a criação de novas tecnologias envolvidas na produção de novas linguagens, principalmente, no contexto e na rapidez das informações nessa 5 geração de tecnologias contanto desde da Revolução Industrial. Vamos pensar o CORPO, sim! Urgentemente!