Alguns dos mais de cem artistas que foram contemplados nas cinco edições do programa de apoio Rumos Dança, nesses últimos 15 anos, contaram um pouco sobre suas trajetórias e uma breve apresentação sobre o seu entendimento de dança. Um dos entrevistados da coleção “Cartografia Rumos Itaú Cultural Dança”, e-book que aborda os resultados da edição 2012-2014 do programa, foi João Fernandes, criador do festival Mova-se e do Casarão de Ideias (Ponto de Cultura).
A entrevista foi realizada por Damares D’Arc, na própria sede do Casarão de Ideias, localizada na rua Monsenhor Coutinho, 275, Centro. Nela, o artista cearense, radicado em Manaus há mais de dez anos, fala sobre a idealização do Mova-se, projeto selecionado no Rumos Dança 2012-2014, na categoria Artista Formador, e sobre a sua trajetória na área artística de Manaus e como formador na Universidade do Estado do Amazonas, além de explorar temas como política cultural e novas formas de pensamento sobre a dança contemporânea.
“Ser formador é diferente de ser educador. Diferente do entendimento de que a formação está agregada à questão educacional, sempre dentro da educação formal, das instituições e das escolas. E eu acredito que, nessa carteira do Rumos, o formador, além de proporcionar estudo, pesquisa e diálogo, estimula encontros. O formador proporciona esses encontros de maneira formal ou informal, possibilita um lugar de encontro onde o conhecimento tem outras ramificações. É nesse lugar que acontece essa práxis. Perguntar-se, questionar-se, rever-se e rediscutir-se. Acredito ser esse o papel do formador, e é nele em que eu me encaixo, não para transmitir conhecimento, mas para proporcionar o encontro no qual esse conhecimento possa ser realizado”, disse João Fernandes, que é professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), ao ser questionado sobre o que é ser um formador.
Com seu festival, o Mova-se, que parte para a quinta edição, ele conseguiu desenvolver um aspecto muito importante que é a formação plateia. “Temos um público que busca saber quando o festival acontecerá. As atividades infantis, como o Mova-sezinho e as oficinas para as crianças, também são algo em que venho pensando como formador. Se elas serão artistas ou não, isso já não nos cabe, o importante é sensibilizá-las para as artes”, declarou.
“Com relação aos grupos locais, ainda não conseguimos definir a cena para que os espetáculos no festival possam entrar em temporada. O Mova-se precisa possibilitar que os espetáculos locais tenham uma vida mais duradoura, que eles possam circular por outros centros. Começamos a fazer esse trabalho ao trazer curadores de outros centros e ainda fortalecer o diálogo com os outros estados do Norte. Conseguimos fazer trocas com outros estados do Brasil. Entretanto, a região Norte é um lugar que ainda não conseguimos mapear, trazer essas pessoas para assistir, ou seja, ainda faltam ações que agreguem mais ao nosso eixo, juntamente com os demais artistas das outras regiões”, acrescentou.
A entrevista completa está disponível no capítulo três, intitulado Encontro e Conversas, da página 124 a 131. O e-book está disponível por meio do site http://novo.itaucultural.org.
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