Se estivesse vivo, o autor maldito, como muitos críticos chamavam o dramaturgo paulistano Plínio Marcos, completaria 81 anos de idade no próximo dia 29. Para não deixar a data passar em branco, o ator e diretor amazonense Cairo Vasconcelos elaborou com apoio de parceiros a Mostra Plínio ‘Maldito’ Marcos, a ser realizada na próxima quinta-feira, a partir das 19h, no Casarão de Ideias, localizado na rua Monsenhor Coutinho, 275, Centro. A entrada é franca.
De acordo com o organizador da mostra, a ideia para o evento surgiu neste ano após assistir a alguns espetáculos que trabalhavam a obra de Plínio Marcos na Mostra de Teatro da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), além da montagem de “Balada de um palhaço”, com atuação de Fred Lima e Michel Guerrero.
“Isso foi um motim para eu dar um start e fazer essa mostra sobre os trabalhos do Plínio. Encontrei com a Carol Calderaro, que é produtora cultural, e ela me ajudou a desenvolvê-la. Já está tudo prontinho para o dia”, declarou Cairo Vasconcelos.
“O que me estimulou também foi o momento político que estamos vivendo. O trabalho do Plínio Marcos surgiu em um momento de repressão no Brasil, da Ditadura Militar [1964-1985]. Suas peças foram bastante censuradas, seus textos são críticos e diretos. Plínio coloca em seus trabalhos o que infelizmente vivemos ainda hoje: pessoas sendo marginalizadas, a decadência do governo, a desimportância com o outro e a falta de estrutura para uma vida básica”, acrescentou o artista, que também é diretor teatral e vai montar o texto “Navalha na Carne” (1969), de Plínio Marcos, em 2017.
E a programação inicia justamente com a exibição deste filme, às 19h, com direção de Braz Chediak; seguido pela performance de dança inspirada no texto “Mancha Roxa”, com apresentação da bailarina Carol Souza e do DJ Marcos Tubarão; e por fim o debate sobre as dramaturgias de Plínio Marcos, às 20h30, com o professor do curso de Teatro da UEA e dramaturgo, Jorge Bandeira, com o ator e diretor Tarciano Soares, da companhia teatral Ateliê 23; e o escritor Diego Moraes.
“O texto de Plínio Marcos não tem uma linguagem muito brusca, ele é bem direto. O público que for participar vai se identificar com os personagens que ele criou, porque são pessoas marginalizadas, como prostitutas, cafetões e homossexuais. Ele usa muito esse universo que chamam de submundo, que a grande maioria deixa de abrir os olhos e finge que não existe. Plínio encara o que está acontecendo no Brasil por meio de seus personagens. O meu objetivo é fazer que entrem e saiam de outra forma”, finalizou.
Plínio Marcos foi um dos primeiros escritores e dramaturgos do Brasil a retratar a vida dos submundos de São Paulo. Poucos escreveram sobre homossexualidade, marginalidade, prostituição e violência com tanta autenticidade. Além de dramaturgo, foi ator, jornalista, tarólogo, camelô de seus próprios livros, técnico da extinta TV Tupi, jogador de futebol e palhaço. Faleceu aos 64 anos de idade em decorrência de falência múltipla de órgãos, após um segundo derrame.
Programação
Data: 29 de setembro
19h – Exibição de Filme: “Navalha na Carne”(1969) – Direção de Braz Chediak
20h – Performance de dança inspirada no texto “Mancha Roxa”, com apresentação da bailarina Carol Souza e DJ Marcos Tubarão
20h30 – Bate Papo Plínio Marcos: suas dramaturgias e a atualidade
Mediador: Diego Moraes. Convidados: os diretores teatrais Jorge Bandeira e Tarciano Soares.
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